16 outubro, 2014

Resenha: As Duas Torres, de J. R. R. Tolkien

AS DUAS TORRES

              por J. R. R. Tolkien


ISBN: 8533613385
Tradução: Lenita Maria Rimoli Esteves
Ano: 2002
Páginas: 552
Editora: Martins Fontes
Pontuação:
As Duas Torres é a Segunda parte da grande obra de ficção fantástica de J. R. R. Tolkien, O Senhor dos Anéis.
É impossível transmitir ao novo leitor todas as qualidades e o alcance do livro. Alternadamente cômica, singela, épica, monstruosa e diabólica, a narrativa desenvolve-se em meio a inúmeras mudanças de cenários e de personagens, num mundo imaginário absolutamente convincente em seus detalhes. Nas palavras do romancista Richard Hughes, ´quanto à amplitude imaginativa, a obra praticamente não tem paralelos e é quase igualmente notável na sua vividez e na habilidade narrativa, que mantêm o leitor preso página após página´.


AS DUAS TORRES é o segundo volume da trilogia O Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien publicado originalmente na Inglaterra em 1954. A história prossegue os acontecimentos após o rompimento da Sociedade, no Livro II de A Sociedade do Anel.
 
A segunda parte da história da Guerra do Anel se divide nos livros III e IV. Este se dedica a contar os caminhos de Frodo, o Portador do Anel, à Montanha da Perdição; aquele explora os acontecimentos seguintes ao rompimento da sociedade, quando os outros membros trilham por rumos diferentes: alguns buscam, outros partem. 

(Spoilers!) A partida de Boromir ecoava a tristeza compartilhada entre os amigos. Elfo, homem e anão - Legolas, Aragorn e Gimli - representam a amizade entre povos tão diferentes. Aqui, acredito eu, Tolkien demonstra que as desavenças entre antepassados não condicionam a impossibilidade para uma relação benigna entre os descendentes.

Assim, mesmo um forte e sombrio inimigo - neste caso, Sauron -, quando em comum, provoca algo de bom: o esquecimento de tolas discórdias antigas e a aliança entre os bons.
 
"Uma arma traiçoeira é sempre perigosa para quem a empunha."
— Gandalf sobre a dupla traição de Sauron 

Na Floresta de Fangorn vivem os ents: árvores animadas por uma magia antiga, além dos poderes de qualquer mago desses tempos. O primeiro contato com essas criaturas tão fascinantes acontece durante a fuga dos nossos hobbits, Merry e Pippin, que, entre as folhas da floresta, encontram Bárbarvore. Alguns chamariam-no de lento, enquanto outros de paciente. O fato é que, como se num sono profundo enraizado ao tempo, os hobbits despertam o bom senso das árvores. Você pode provocar a natureza selvagem e ela lentamente reagir; mas é na demora do tempo que sua fúria implacável cresce, explodindo num súbito do futuro.

Ao passo que alguns enfrentavam Saruman, o mago traiçoeiro ao oeste, Frodo Bolseiro, junto ao seu fiel Samwise, caminhavam pelas sombras às sombras.


Com Smeágol domado*, logo aqueles que o conheceram nos adivinhas no escuro** - e aguardavam ansiosamente sua reaparição - podem se alegrar. Nesta história sua importância será enaltecida, pois ele, que algumas vezes é Smeágol, outras vezes Gollum, guiará Frodo à terra negra de Mordor.

"Sempre lhe parecera que a gentileza do caro Sr. Frodo era tanta que deveria implicar uma grande dose de cegueira"
— Smeágol sobre Frodo

A gentileza demasiada nem sempre envolve a tolice. Frodo Bolseiro é bondoso, mas, senão ao olhar pouco observador, isso não o torna menos sábio.

Aqui finalmente conhecemos Faramir, filho de Denethor e irmão de um aliado da Sociedade: Boromir. É perceptível a diferença entre este personagem, quando comparado em dois meios: aquele que no livro se descreve e aquele que no filme se apresenta. Este interpreta um homem cheio de dúvidas, à mercê da falta de sabedoria do pai; aquele, embora muito semelhante ao irmão na aparência, era um homem menos arrogante, mais austero e sábio.

Percebe-se - através de trechos e fragmentos, aqui e acolá - a decadência de Gondor, diminuindo em esperança e poder a medida que Mordor, as terras do Inimigo, cresce. Ao povo de Gondor apenas se espera a extinção, pois, assim como suspiram no inverno a morte e na primavera a vida, um inverno sem primavera é como a morte infinita.

Nota-se a diminuição do número das belas poesias, muito cantadas em A Sociedade do Anel, pois, acredito eu, isso se atribui à tristeza das perdas e o cansaço da guerra que, se até então estava no primeiro estágio, agora ao meio, parte para seu fim.

Não seria preciso dizer: tão bom quanto o primeiro, a compra deve ser garantida!

NOTAS
* O Senhor dos Anéis, Capítulo I, Livro IV
** O Hobbit, Capítulo V

LINKS
[Resenha] A Sociedade do Anel, de J. R. R. Tolkien
[Resenha] O Retorno do Rei, de J. R. R. Tolkien

Nenhum comentário:

Postar um comentário