por J. R. R. Tolkien
ISBN: 8533613393
Tradução: Lenita Maria Rimoli Esteves
Ano: 2002
Páginas: 456
Editora: Martins Fontes
Pontuação: ★★★★★
O Retorno do Rei é a terceira parte da grande obra de ficção fantástica
de J. R. R. Tolkien, O Senhor dos Anéis. É impossível transmitir ao novo
leitor todas as qualidades e o alcance do livro. Alternadamente cômica,
singela, épica, monstruosa, diabólica, a narrativa desenvolve-se em
meio a inúmeras mudanças de cenários e de personagens, num mundo
imaginário absolutamente convincente em seus detalhes.
O RETORNO DO REI é o terceiro volume da trilogia O Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien publicado originalmente na Inglaterra em outubro de 1955. A história prossegue os caminhos da Sociedade do Anel, divida entre Gandalf, Aragorn, Legolas e Gimli em suas batalhas contra Mordor e Frodo e Sam em sua missão de destruir o Um Anel nas Fendas da Perdição.
Assim como em As Duas Torres, a terceira parte da Guerra do Anel é dividida em dois livros, nos quais acompanhamos ora os caminhos de Aragorn e Gandalf, ora os de Frodo - estes líderes duma Sociedade rompida.
O Olho de Sauron |
Mas o hobbit, mesmo dentro de Morgor, domínio do Senhor do Escuro onde a vontade de corromper o Portador e retornar ao criador é maior, prova - ao salvar seu mestre e, principalmente, devolver-lhe o fardo por vontade própria - a força, lealdade e honra dignas de um herói entre a sua raça e o seu tempo; pois, para mim, Samwise Gamgi é o mais corajoso de todos os heróis do romance. Mesmo os corajosos já temeram, pois sem medo não há necessidade de coragem: esta é uma característica da apatia*.
— Gandalf sobre o juramento de Pippin a Denethor
Em O RETORNO DO REI, Gondor é vista por dentro. Finalmente conhecemos Denethor, o Regente do Trono, pai de Boromir e Faramir, Senhor de Gondor até que o Rei retorne. Assim como já disse sobre Saruman, repito a respeito de Denethor: não é sábio, pois sabedoria não implica apenas em conhecimento. Uma se deve aos estudos - e, portanto, ao tempo -; a outra às ações - e, assim, às escolhas.
Para aqueles que, devido ao pouco número de personagens do gênero, contestam a opinião de Tolkien a respeito dos direitos e liberdade das mulheres, aqui a dúvida cessa, pois Éowyn, a Senhora de Rohan, prova que, além de bela e encantadora, luta bravamente contra um inimigo invencível aos homens: o Rei Bruxo de Angmar, Cavaleiro Negro e Senhor dos Nazgûl.
Numa época em que o paradigma social determina a falsa diferença entre o homem e a mulher, o alto e o baixo, Éowyn e Merry, escudeiro do Rei Théoden, são grandes almas guerreiras, limitadas pelas circunstâncias, mas não menores em coragem ou honra.
"Primeiro é melhor amar aquilo que temos condição de amar."
— Merry
E, ao final, durante o caminho para casa, nossos hobbits tem uma surpresa: o terror de Mordor chegara ao Condado! O Expurgo do Condado é uma aventura à parte que me trouxe muita alegria, pois, apesar das perdas, finalmente os hobbits saíram de sua grande zona de conforto - que por um ano se provou mais um mal do que bem - e, liderados por Frodo, Sam, Merry e Pippin, corajosamente tomaram posse do que eram seus por direito.
Se por um lado a trama da terceira parte da obra foi muito bem arquitetada, por outro - e aqui está minha única ressalva -, o título pode ser considerado um grande SPOILER do desfecho: o Retorno do Rei Elessar ao trono de Gondor, que por sua vez significa a derrota de Sauron (que por sua vez significa a destruição do Um Anel!). Dizem os boatos que Tolkien também desconsiderara este título, mas, devido às questões editoriais, sua opinião fora ignorada.
Bem e Mal. Generosidade e Ganância. Paz e Guerra. Amor e Ódio. Tolkien escreveu elegantemente uma das obras mais completas de todos os tempos. Uma fantasia que se aproxima ao espírito humano e, portanto, à realidade.
NOTAS
* Aqui expresso minha opinião, pois, tomado o exemplo cotidiano de que quando vamos pegar um copo com água na geladeira não tememos nenhum desastre (apatia à ação), quando vamos realizar um feito pela primeira vez - como descer uma mega rampa de skate - sentimos medo, mas isso não faz de nós grandes covardes: a escolha, entre descer ou não descer, sim, faz de nós corajosos ou covardes. Assim, o medo é só uma característica da nossa natureza animal, mas que nos força a tomar decisões que, em conjunto, nos qualificam. O grande problema está em sentir medo do medo, e essa é a base de todos os pecados.
LINKS
[Resenha] A Sociedade do Anel, de J. R. R. Tolkien
[Resenha] As Duas Torres, de J. R. R. Tolkien
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