11 janeiro, 2015

Resenha: 20 mil léguas submarinas, de Jules Verne

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20 MIL LÉGUAS SUBMARINAS

              por Jules Verne

ISBN: 8537807303
Tradução: André Telles
Ano: 2011
Páginas: 456
Editora: Zahar
Pontuação:
 
Em 1866, quando navios de diversas partes do mundo começaram a naufragar e sofrer misteriosas avarias, governantes e homens de ciência mobilizaram-se para identificar, localizar e deter o misterioso monstro marinho responsável por tais ataques. Mas a missão não correu conforme os planos, e a besta desconhecida destroçou a fragata que fora em sua captura. Lançados ao mar, o professor Aronnax, o fiel Conselho e o exímio arpoador Ned Land foram resgatados e feitos prisioneiros pelo enigmático capitão Nemo, dono, líder e principal habitante do prodigioso submarino Náutilus. Navegando águas remotas dos oceanos e lançando-se em ousadas caminhadas submarinas, esses homens desbravarão a vida por um ângulo inteiramente novo, descobrindo a exuberância da flora e da fauna marinhas e experimentando emoções conflituosas, numa viagem vinte mil léguas sob os mares.


20 MIL LÉGUAS SUBMARINAS é uma das mais famosas obras da literatura francesa, publicada por Jules Verne, o Pai-da-Ficção Científica - no Brasil, também conhecido como Júlio Verne -, em 1870. Aliado ao extraordinário imaginário de Verne, este é mais um dos livros fundamentados em várias pesquisas do escritor, e o primeiro a abordar uma viagem ao mar em sua série Les voyages extraordinaires.

Em 1866, navios do mundo inteiro começam a desaparecer misteriosamente. Poucos foram aqueles aos quais o mar não engoliu e, portanto, poucos foram os relatos sobre os naufrágios.Assim correram os boatos entre aqueles que desdenhavam do caso, propagando sua malícia e insensatez, e os que viam uma grande descoberta, uma revolução científica e também um perigo a ser extirpado. Aqui Jules Verne (incorporado em um dos personagens da trama [o próprio narrador]) revela a clara diferença dentre estes e aqueles, a realidade e a bolha aristocrática, a ciência e a mídia, a paixão pelo todo e pelo nada.
jules verne ilustração
Segue-se a história de Aronnax, um professor no Museu de História Natural de Paris, Conselho, seu fiel servo e um dos maiores decoradores (no sentido memorial da palavra) de todos os tempos e Ned Land, o famoso arpoador canadense, na fragata americana Abraham Lincoln, à caçada do misterioso monstro marinho.

Mas a vida deles se transforma imprevisivelmente quando, em uma estadia de tempo indeterminado, passam a residir no misterioso sob os mares: capturados pelo Capitão Nemo, viajam a bordo do prodigioso Náutilus, um submarino que, muito a frente de seu tempo, proporciona-lhes maravilhosas surpresas, inacessíveis àquele que caminha sobre a terra. A caçada nas florestas submarinas, o encalhe no estreito de Torres, o cemitério de coram, as extraordinárias pescarias no Ceilão, o Túnel das Arábias, o interior do vulcão submarino de Santorim, os naufrágios históricos da baía de Vigo, o polo sul e, não obstante, a Atlântida.

"É impossível lutar contra a lógica do equilíbrio. Podemos desafiar as leis humanas, não resistir às leis naturais."
— Nemo sobre um desmoronamento de iceberg

capitao nemoEmbora o mar, o verdadeiro mar, pouco explorado em suas profundezas obscuras, guarde, como uma concha a seu molusco, as mais belas espécimes de peixes, algas, tartarugas, golfinhos, tubarões, polvos, aranhas-do-mar ou até mesmo mamíferos como as grandes baleias, sua descrição exige uma linguagem pouco utilizada senão por biólogos/naturalistas, o que, para o leigo em um assunto tão fantástico como esse, torna a leitura pouco progressiva; mas isso pode ser contornado, já que a partir de algumas páginas, a narrativa em 1ª pessoa, o humor sutil de Conselho e os mistérios do Capitão Nemo e seu reino fenomenal contribuem para o mergulho envolvente nas 20 mil léguas submarinas.

Incomodei-me com a constante matança com a qual os tripulantes submetem aos animais; compreendo que, entre a fome e a morte, os homens, em sua condição animal, optam pela vida e, portanto, em meio ao mar, nada mais natural que o banquete seja digno de pena! Entretanto, meu incômodo não deve ser mal interpretado, pois revela a competência do escritor ao despertar a reflexão do leitor sobre o proveito de uma vida que se colhe.

Jules Verne faz um excelente trabalho ao demonstrar no Capitão Nemo o equilíbrio entre a compaixão e as próprias necessidades: a gratidão pelo que se tira da natureza em prol de não mais que o necessário; uma vida por outra.
 
"O mar é tudo! É o imenso deserto onde o homem nunca está só, pois sente a vida efervescer a seu lado. Omar não apenas é o veículo de uma sobrenatural e prodigiosa existência, não apenas é movimento, é amor, é o infinito vivo, como disse um de seus poetas. O mar é o grande manancial da natureza. Foi pelo mar que o globo começou, e quem sabe não terminará! Aqui reina a suprema tranquilidade. O mar não pertence aos déspotas. Ah, professor, viva, viva no seio dos mares! Só nele existe independência. Nele, não reconheço senhores! Nele, sou livre!"
— Nemo sobre o mar

Leitura obrigatória aos amantes da incrível fauna e flora marinha e também da ficção científica.

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