09 fevereiro, 2015

Resenha: Alice, de Lewis Carroll

Alice livro zahar

ALICE

              por Lewis Carroll

ISBN: 8537801720
Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges
Ano: 2010
Páginas: 317
Editora: Zahar
Pontuação:
 
Obras-primas de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas e Através do Espelho há mais de um século encantam crianças e adultos. Instigante, divertida, inusitada, profunda, a saga de Alice é inegostavelmente interpretada, parodiada, filmada, citada... e, claro, lida.
Essa charmosa edição de bolso, com capa dura e ilustrações originais de John Tenniel, reúne Aventuras de Alice no País das Maravilhas e sua continuação, Através do espelho e o que Alice encontrou por lá. Obra-prima que não pode faltar na sua biblioteca e com um preço que cabe no seu bolso.

ALICE: NO PAÍS DAS MARAVILHAS & ATRAVÉS DO ESPELHO foram publicadas  respectivamente em 1865 e 1871 pelo célebre autor inglês Lewis Carroll. A partir de sua paixão por matemática e fotografia, o escritor, durante um passeio de barco pelo rio Tâmisa (Reino Unido), idealizou a história baseada na verdadeira Alice, à época ainda criança. A obra ainda acompanha mais de 40 xilogravuras fantásticas de John Tenniel.

A HISTÓRIA DE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 
alice john tenniel
Quando a pequena Alice observava cansativa e sonolenta o estranho livro de sua irmã - pois não havia nele ilustrações, nem diálogos -, sentadas juntas na ribanceira, um Coelho Branco de olhos cor-de-rosa passara por ela apressado e faladeiro, vestindo um pequeno colete do qual o bolso guardava um relógio.

Alice, naturalmente, saiu em disparada logo atrás, até que viu o bichano entrando pelo buraco de sua toca, mas, espremendo-se, ainda assim continuou a segui-lo. A toca, mais funda e escura que previra, logo fez-se em uma queda extraordinariamente longa.

Tão logo o Coelho desaparecera ao adentrar em um salão com múltiplas portas e uma mesa, sobre a qual havia uma minúscula chave para uma minúscula porta. Aqui a pequena Alice, esquecida completamente de sua perseguição, viu-se em um problema, pois seu corpo não lhe permitiria atravessar a porta. Voltando-se a mesa, a menina encontrou um frasco e dele um gole bebeu: a primeira mudança de tamanho!

Daí inicia-se suas fantasias no País das Maravilhas: Alice chora em seu desespero pelas mudanças repentinas de tamanho - o que obviamente derrama-se uma lagoa de lágrimas -; participa de uma corrida de comitê - a qual todos os competidores vencem -; invade a casa do Coelho Branco - e come de um bolo que a engrandece e comprime-a, portanto, contra quatro paredes -; ouve dos conselhos da Lagarta - que por acaso fuma narguilé -; zela pelo bebê da Duquesa, choroso e pela mãe maltratado - ele tinha um rosto semelhante a de um porco! -; encontra o gato de Cheshire durante suas andanças pelos bosques - e este desaparecia risonho sempre que lhe era conveniente -; participa do chá às seis entre estranhos anfitriões - evento constante pois, tendo o tempo parado na mente do Chapeleiro, Lebre de Março e Caxinguelê, eram sempre seis horas!

Suas últimas aventuras - agora talvez desventuras - estão ao lado da Rainha de Copas, do campo de croqué às histórias da Tartaruga Falsa, do julgamento pelo roubo das tortas ao fim (e aqui isso significa despertar).

"Deixe-me pensar: eu era a mesma quando levantei esta manhã? Tenho uma ligeira lembrança de que me senti um bocadinho diferente. Mas, se não sou a mesma, a próxima pergunta é: 'Afinal de contas quem sou eu'"
Alice
A HISTÓRIA DE ATRAVÉS NO ESPELHO
A sala fazia-se silenciosa e calma, à parte da pequena Alice num canto da grande poltrana, junto a sua gatinha negra, Kitty, filhote da velha Dinah (cujo nome, em No País das Maravilhas, já diversas vezes fora citado).

Logo, em pé e diante do Espelho, Alice, que percebera um estranho enevoamento em seu reflexo; atravessa-o e encontra-se do outro lado do portal, sobre a terra da bruma: a Casa do Espelho. E, obviamente - de acordo com a lógica Maravilhosa de tudo -, nada é como do nosso lado.

Através do Espelho, encontra um jardim de flores animadas; a Rainha Vermelha e a Rainha Branca; um morro de campos naturais com demarcações de um grande tabuleiro de xadrez; um Mosquito gigante cuja tristeza igualava-se somente ao próprio tamanho; Tweedledum e Tweedledee; uma loja peculiar que, sempre que direcionava o olhar a um produto sobre as prateleiras, este se movia para onde sua visão não alcançava; Humpty Dumpty!; o Leão e o Unicórnio, que pela real coroa pelejavam; o Cavaleiro Branco, que aos tropeços conduziu Alice a sua coroação; entre outras histórias do outro lado do Espelho.
 
"Como gostaria que as criaturas não se ofendessem tão facilmente'"
Alice sobre a Lagarta

AS MUDANÇAS DA PEQUENA ALICE
As doze mudanças de tamanho de Alice ao longo do primeiro volume podem ser interpretadas como uma alegoria para como a criança de nosso mundo lida com seu crescimento, durante a fase da adolescência, quando nem totalmente dependente, nem completamente independente, realmente é: convenientemente, o jovem escolhe os benefícios de ambas as fases, omitindo aquilo que lhe desagrada.

O bosque dos esquecimentos, em Através do Espelho, demonstra como o homem e a natureza pode viver em equilíbrio, mas, devido ao paradigma criado na mente humana de uma superioridade em relação aos outros animais, nós acabamos por nos afastar da natureza.

Um livro obrigatório, senão às crianças - que não se encontram em obrigação alguma -, aos adultos, que pensam em voltar a sonhar.

"Só queria ter olhos como esses: ser capaz de ver Ninguém! E à distância! Ora, o máximo que eu consigo é ver pessoas reais!" 
Rei Branco (adulto) sobre a visão de Alice (criança)

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