25 agosto, 2014

Resenha: O pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry

O PEQUENO PRÍNCIPE

              por Antoine de Saint-Exupéry


ISBN: 8522005230
Tradução: Dom Marcos Barbosa
Ano: 1999
Páginas: 95
Editora: Agir
Pontuação:
O Pequeno Príncipe é uma fábula. Ou se preferirmos, uma parabola. Não é um livro para crianças, porque traz justamente a mensagem da infância, a mensagem da criança. Essa criança que irromperá de repente no deserto do teu coração, a milhas e milhas de qualquer região habitada. A menos que não queira ver, a face do Pequeno Principe, a face de um outro, coroada com os espinhos da rosa.... Este livro é também um teste. É o verdadeiro desenho numero 1. Se não o quiseres compreender, se não te interessas pelo seu drama, fica aqui a sentença do Principe: Tu não és um homem de verdade. Tu não passas de um cogumelo

Publicado originalmente em 1943 nos Estados Unidos pelo escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, O PEQUENO PRÍNCIPE foi o terceiro livro mais traduzido de todos os tempos. Com sua escrita poética e filosófica, a obra infantil conquistou fãs do mundo inteiro.

O pequeno príncipe se aproveita duma migração de pássaros selvagens. Durante um voo solitário pelo deserto do Saara, um aviador pousava, devido a uma pane no motor. Com uma quantidade de água limitada, cabia a ele consertar rapidamente o avião. 

Numa manhã, um estranho garoto, o pequeno príncipe, o acordou, pedindo a ele que desenhasse um carneiro.   

O aviador, por coincidência ou não, gostava muito de desenhar, apesar de não fazê-lo há muito tempo. Fora desencorajado pelas pessoas grandes. Tudo o que sabia fazer era uma cobra digerindo um elefante. 

O pequeno príncipe
O pequeno príncipe, que nunca desistia de suas perguntas e nem respondia a de outro alguém, demorou a contar sua história, mas, aos poucos, o aviador descobriu que ele viera de um pequeno asteroide onde havia três vulcões – dois deles ainda ativos e um já extinto - e uma rosa. Por desventura, ao acaso nasciam também alguns baobás. A rosa, segundo ela mesma, era única. O pequeno príncipe a amava, mas o orgulho da pequena o levou para longe.

Carregado pela migração dos pássaros selvagens, o principezinho conheceu outros planetas. Entre eles, um último planeta - habitado por milhares de pessoas parecidíssimas com aquelas que encontrara nas viagens anteriores - chamado Terra. Ali avistou milhares de rosas iguais à sua. Conheceu também uma raposa que o ensinou o valor do amor.

Em meio ao deserto escaldante, conheceu nosso aviador.
Cquote1.svg Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.

Cquote2.svg
Confesso que quando li O pequeno príncipe pela primeira vez, em 2009, eu não havia entendido o que de fato o autor queria passar. Um amontoado de frases bonitas, sabia eu, mas não entendia muito delas. Cinco anos depois, percebo o quão profundo esse livro para crianças é.

O que torna algumas pessoas tão iguais e tão diferentes? As crianças não veem a cor da pele, o país de origem, o tamanho dos seios, da carteira... Como o próprio autor diz, o essencial é invisível aos olhos. Assim, pergunto-me: em que momento essa pureza se desfaz, misturando-se ao senso comum das pessoas grandes? Afinal, não se nasce com ódio, os homens o ensinam.

O autor conseguiu, em poucas palavras, representar as diferentes faces dos homens ou, como chamaria ele, “pessoas grandes”. A sociedade contemporânea é composta por milhões de pessoas aos quais o comportamento uniforme torna a manipulação muito fácil. Acredito que Saint-Exupéry quis, nos capítulos em que o pequeno príncipe visitava os asteroides, demonstrar isso. O monarca que acima de tudo cobiçava poder em seu mundo pequeno e desolado; o vaidoso que cegamente teimava em acreditar que todos o adoravam; o bêbado preguiçoso que sentia vergonha de beber, mas nada fazia para mudar; o empresário ambicioso que só pensava em números; o acendedor de lampiões que, por tanto trabalhar, nada fazia do que queria; o geógrafo que não conhecia nem a geografia do próprio planeta, mas queria saber sobre o de outrem.

Ao final, o autor nos presenteia com um enigma:
Cquote1.svg “Eis um grande mistério. Perguntem a si mesmos: o carneiro terá ou não comido a flor? E verão como tudo fica diferente...”

Cquote2.svg
“O que terá acontecido?” perguntei-me, ao final do livro, e continuei pensando nesta intrigante questão. E por que isso importa? Percebi então que – lembrando-me dos ensinamentos da sábia raposa - o livro me cativara.

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