03 agosto, 2014

Resenha: A menina que roubava livros, de Markus Zusak


A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS
                                                                                         por Markus Zusak

ISBN: 8598078174
Tradução: Vera Ribeiro
Ano: 2007
Páginas: 480
Editora: Intrinseca
Pontuação:
Ao perceber que a pequena Liesel Meminger, uma ladra de livros, lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. A mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler. Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a conivência do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que lhe dá lições de leitura. Alfabetizada sob vistas grossas da madrasta, Liesel canaliza urgências para a literatura. Em tempos de livros incendiados, ela os furta, ou os lê na biblioteca do prefeito da cidade. A vida ao redor é a pseudo-realidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela História.

Lançado em 2005 pelo escritor australiano Markus Zusak, A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS logo conquistou milhares de fãs pelo mundo afora, tornando-se um best-seller muito bem recebido pela crítica especializada.

Em 2014, ganhou uma adaptação para os cinemas, dirigido por Brian Percival e estrelado por Emily Watson, Geoffrey Rush e Sophie Nélisse.

Liesel Meminger está vendo seu irmão morrer. Assim a nossa querida narradora começa sua história. Aliás esta foi a minha primeira experiência com uma narradora tão singular e ao mesmo tempo tão genérica. Singular, pois os livros não costumam tratá-la como contadora de histórias; talvez uma personagem notória, talvez uma ideia deprimente presente no final. Genérica, pois, em uma história (até mesmo naquelas não escritas), seu aparecimento é inevitável. 

Durante o enterro do garoto, A Morte encontra com a pequena Liesel, enquanto esta roubava um livro caído na neve, esquecido pelo coveiro. E esse foi o primeiro de uma sucessão de furtos da menina que roubava livros.

Uma guerra implica numa série de desventuras. Liesel é levada, então, até a Rua Hommel, Molching (Alemanha), onde a sua mãe pretende entregá-la a uma família para que a adotem. Lá vive um casal: Hans e Rosa Hubermann. Esta um tanto braba, austera, exigente. Já aquele paciente, presente, carinhoso. Aliás, o homem dá um sentido ao roubo da menina: ele a ensina a ler.

Em sua nova vida, ela vai à escola, conhece novos amigos, joga futebol, cuida de um judeu às escuras e, principalmente, furta novos livros.

Para um entendimento completo da trama, o livro te obriga a conhecer algumas noções básicas sobre a Alemanha nazista, cujo líder, Adolf Hitler, com seus pensamentos racistas, antissemitas, nacionalistas e fascistas, condenou milhões de pessoas à morte.

Liesel sente o que muitos de sua época também: insegurança. Tudo estava bem até a chegada dele. Se Hitler é nosso salvador, porque sofremos, afinal? O medo obriga as pessoas a fazerem coisas terríveis. Alguns alistavam-se ao Partido Nazista. Lutavam. Matavam. Outros, por um íntimo motivo reprimido, odiavam-no.

Mesmo uma criança, como Liesel, precisa fazer grandes decisões. Ao saber o que de fato aconteceu com sua mãe, ela começa a nutrir um sentimento que gradativamente evolui durante o livro: ódio ao Hitler.

Gosto do modo como o autor descreve a paixão da menina pelos livros. Identifiquei-me, principalmente quando ela teve seu primeiro contato com a biblioteca pessoal da esposa do prefeito. Sim, percorrer a lombada dos livros com a ponta sensível dos dedos é um vício indescritível*.

Rudy Steiner, o melhor amigo de Liesel, é uma das figuras que mais me chamaram a atenção. Durante os capítulos - denominados pelo autor de 'partes' -, a esperança de que apareça é justificada pelas aventuras certas com Liesel em seus jogos de futebol, brigas e furtos. 

Recomendo. Compre, baixe, roube, mas leia!

Leves sorrisos e fortes emoções, tudo sempre com uma boa dose de Saumensch.

NOTA
*No livro, Liesel, num impulso, percorreu com a ponta dos dedos os livros da biblioteca da mansão do prefeito.

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