Surdo, cego e mudo
A chama mantém-se quieta: uma fagulha pálida, silenciosa, quase nua. Mas de repente infla, uma energia demasiada ao corpo do portador. E a paixão, quase tão subitamente como sua vinda, se deteriora, e o tudo metamorfoseia-se ao nada.
"O que fazer?" pergutam eu e o mundo. "O caminho parece tão sinuoso." O reino dos sonhos torna-se mais confortável e seguro, e nele teimamos permanecer; mas a vida nos prende ao sofrimento e a corda, antes dourada e reluzente, estica-se fina e prateada. Eles a cortam, ao passo que eu tenho medo: pois o medo da morte seria um tanto saudável?
Ando. O violão, por muito tempo intocado, tem nas cordas a música e, portanto, a melodia curatia para os meus ouvidos outrora surdos. Caminho. As tintas resplandecem as cores proibidas à minha antiga tristeza. Percorro o deserto desolado, mas ainda à minha frente, estende-se o mundo! E agora tenho voz, pois mesmo silenciosa tem em si a paixão pela vida!
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